Terça-feira, Março 19, 2024
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Júri escolhe “Los Reyes del Mundo” para Concha Ouro em San Sebastian

Marco Martins fica arredado dos prémios. Tal como Jaime Rosales, Petr Václav e até Hong Sangsoo…

Para história de San Sebastian edição 70 ficará o título Los Reyes del Mundo, a bem-intencionada viagem de selo social pelos meninos das ruas de Medellín, desenhada pela colombiana de 41 anos Laura Mora Ortega a quem o júri outorgou a Concha de Ouro. E que regressa de novo vitoriosa a San Sebastian depois de, em 2017, ter conquistado o prémio de juventude com Matar à Jesus. Na verdade, se há filmes que ficam bem em palmarés, este é um deles. Mesmo que essa liberdade de procura não preencha alguma falta de densidade. O júri presidido pelo produtor argentino Matías Mosterin (na ausência forçada de Glenn Close) distinguiu ainda, com a Concha de Prata, para o Prémio do Júri, Runner, a cineasta nova iorquina Marian Mathias. É a vitória do novo e efervescente cinema feminino.

Marian Mathias e Joy Jorge : Prémio especial do júri. Foto: Pablo Goméz

Compreende-se essa certa tendência em privilegiar o trabalho feminino atrás das câmaras, mesmo que nem sempre confirmem as propostas mais consensuais dos jornalistas presentes. Aliás, como sucedeu este ano em Veneza, com o prémio máximo, algo surpreendente, para o documentário de prestígio para a fotógrafa Nan Goldin, em All the Beauty and the Blooshed, da cineasta Lautra Poitras, vencedor do Leão de Outro. Em San Sebastian, Laura Mora Ortega sucede à romena Alina Grigora, em 2021, com Blue Moon, e à georgiana Dea Kulumbegashvili, em 2020, com Begining. 

Pena é que, numa selecção competitiva de alta qualidade (das melhores dos últimos anos), caíram no esquecimento outras alternativas de mérito (leia-se de melhor cinema). Falamos, por exemplo, da arrebatadora viagem operática ao longo de Il Boemo, do checo Petr Václav, e que a força do seu cinema o mereceria como um forte candidato a prémios), de Girasoles Silvestres, de Jaime Rosales, e, claro, de Great Yarmouth – Provisional Figures, de Marco Martins, talvez o mais potente e, apesar da sue extrema dureza, ainda que amplamente justificada pelo cinema, seguramente o mais relevante deste trio de filmes que criou algum consenso com a imprensa especializada, mesmo que ignorado no palmarés. Isto para já não falar da monstruosa interpretação de Beatriz Batarda, sem par (feminina ou masculina) nos filmes que vimos. Já não falamos do coreano Hong Sangsoo, que tem somado prémios nos últimos anos, mas que o último Walk Up, não convenceu.

Igualmente regresentados nos prémios ficou a Concha de Prata para o trabalho de realização do japonês Genki Kawamura em Hyakka/A Hundred Flowers, ao passo que o Melhor Guião foi atribuído à dupla chinesa Dong Yun Zhou e Wang Chao em Kong Xiu/ A Woman.

Paul Kircher (Le Lycéen) e Carla Quilez (La Maternal): prémio interpretação. Foto: Pablo Goméz.

No plano interpretativo os jovens Carla Quílez e Paul Kircher receberam ex-aequo a Concha de Prata para a Melhor Interpretação nos filmes La Maternal, da espanhola Pilar Palomero, e Le lycéen/Winter Boy, do francês Christophe Honoré. A menina Renata Lerman, de 12 anos, ganhou o prémio de Interpretação Secundária por El suplente/The Substitute, do seu pai Diego Lerman. Por fim, o trabalho de câmara de Manuel Abramovich, em Pornomelancolía, sobre o acompanhamento que faz de um porno influencer, valeu-lhe o prémio de Melhor Realizador.

De referir ainda a preferência do público que escolheu para o seu prémio o filme Argentina 1985, de Santiago Mitre, vencedor do prémio FIPRESCI em Veneza. Já em San Sebastian, o prémio da crítica internacional foi para o basco Suro, na estreia de Mikel Gurrea. A seguir à gala de entrega dos prémios seguiu-se a estreia mundial de Marlowe, de Neil Jordan, que veio a San Sebastian acompanhado pelos actores, Liam Neeson e Diane Kruger.

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