Quinta-feira, Abril 25, 2024
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Despedida da terra na abertura do 30º Curta Vila do Conde

O festival de Curtas Vila do Conde arrancou na sua 30º edição. A abertura foi marcada por Alcarràs, da catalã Clara Simón, o filme que foi exibido em fevereiro passado na seleção oficial de Berlinale. E acabou por ganhar o Urso de Ouro.

Nos tempos de pós-pandemia há vários filmes que são dedicados à vida no campo. A competição de Berlinale comprovou bem isso com obras diferentes no seu estilo, mas que mostram a injustiça da vida camponesa e combate com a cidade que conquista zonas rurais. O tema é bastante atual em Portugal onde maioria da população vive nas aldeias e onde em frente da Assembleia da República encontramos a instalação de protesto contra a industrialização e a globalização.

Carla Simon, nascida em Barcelona, passou a sua infância no campo. Ela usa essa experiência, a compreensão e a sensação dessa vida camponesa na criação de filmes e para fazer homenagem às pessoas que a criaram como se fosse uma cultura agrícola.

Alcarràs é uma história por um lado particular, por outro lado muito próxima às realidades nos outros países. Além disso, no filme vê-se o lado da literatura clássica, por exemplo, com o Pomar das Cerejeiras, de Anton Tchékhov, que retrata o fim doloroso de uma época e o início de outra. Alcarràs é um filme sobre o fim de uma vida muito e sobre o medo de futuro desconhecido.

No filme há pomares, há lagos, há festas, tudo que nos atrai nas férias do verão. Mas também há uma linha que conquista o espectador, são as crianças que não se imaginam fora da Natureza. Talvez, seria interessante ver a história do ponto de vista delas, de uma outra perspectiva. Em fim, Carla Simón preferiu o caminho tradicional que tirou um pouco da singularidade do seu filme. Mas mesmo assim o espectador tem de se preparar para enfrentar a onda de memórias infantis e de melancolia pura.

 

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