Terça-feira, Março 19, 2024
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O Saab vermelho estacionou nas nomeações aos Óscares

Se existe alguma novidade a salientar nas nomeações aos Óscares deste ano, ela chama-se Drive My Car e pertence ao cineasta japonês Ryusuke Hamaguchi. Não só vai nomeado na categoria de Melhor Filme, algo inédito, mas também na de Melhor Realização (algo que só acontecera por duas vezes). Isto além de ser considerado para contenda do Melhor Filme Internacional e ainda o reconhecimento para o Melhor Guião.

Numa altura em que Hamaguchi está em Berlim para acompanhar o festival como membro do júri internacional, não deixa de ser uma notícia inesperada. Mas isso só quem não seguiu com interesse a sinuosa narrativa baseada num conto de Haruki Murakami. E que já no passado festival de Cannes vencera o Melhor Guião. Naturalmente, desde este verão o filme tem acumulado diversos prémios em várias associações de críticos.

A história centra-se em Yûsuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), um encenador e actor de teatro casado com a sua argumentista, mas que é convidado para encenar uma adaptação do Tio Vânia. A premissa é singela, a de nos recordar que, não raras vezes, a vida imita a arte, mas também que o cinema pode ser algo tão simples como o prazer contemplativo de uma viagem de carro. Mas é nessa simplicidade que Hamaguchi vai construindo o seu edifício fílmico ao longo de três horas. No fundo, uma viagem que nos faz sentir o peso do cinema e da narrativa. Ao ser distinguido pela Academia de Hollywood, fica a sensação de que os membros tiveram dificuldade em encontrar títulos à altura. E acabaram por abrir a porta ao grande cinema.

É essa a grande novidade das nomeações aos Óscares. Das restantes há pouco a dizer.

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