Terça-feira, Março 19, 2024
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Veneza: Damien Chazelle leva-nos à lua. Mas Netflix, Guadagnino e Reygadas mostram-nos as estrelas

Damien Chazelle e Ryan Gosling, abrem as ‘hostilidades’ com First Man, Bradley Cooper e Lady Gaga estendem a passadeira para A Star is Born. Mas é de Carlos Reygadas, Alfonso Cuarón ou Luca Guadagnino que se esperam as maiores surpresas. O presidente do júri Guillermo del Toro esfrega as mãos de contente com tanto cinema.

Era de esperar. Veneza parece sublinhar no programa da 75ª edição apenas aquilo que tem confirmado nos últimos anos – é que vai juntando o útil daqueles que optaram pela estreia mundial no final do verão, em detrimento de Cannes, ao lugar agradável para uma acessível plataforma aos Óscares.

Assim se explica, por exemplo, a presença de sete produções (ou co-produções) americanas, para além da impressionante presença de autores do world cinema. E a presença imponente da Netflix, bem como da Amazon Studios. Ah, claro, e o regresso da realidade virtual.

Vamos a nomes? Talvez seja o melhor. Então é assim: Damien Chazelle abre as ‘hostilidades’ com First Man, também em competição para o Leão de Ouro, que é ao mesmo tempo uma viagem da N.A.S.A. e de Neil Armstrong, com o inevitável Ryan Gosling.

O ano passado, como bem recordamos, os dois dançaram até aos Óscares ao ritmo de La La Land. Este ano, a música é outra e vem de outro cometa de Hollywood, A Star is Born, apresentado fora de competição. Aqui se afirma a estreia de Bradley Cooper na realização com a vedeta Lady Gaga a tentar convencer-nos que é um patinho feio na arte de bem cantar.

Assim se adivinha mais uma edição de luxo e uma tarefa árdua para o júri presidido por Guillermo del Toro (vencedor o ano passado do Leão de Oro, com A Forma da Água) e coadjuvado por Naomi Watts, Christoph Waltz, Taika Waititi, Sylvia Chang, Paolo Genovese, Trine Dyrholm, Nicole Garcia e Malgorzata Szumowska.

Olivier Assayas encena em Doubles Vies uma comédia romântica com Guilaume Canet, Juliette Binoche e Vincent Macaigne, ao passo que o outro francês Jaques Audiard cavalga no ambiente western com Joaquin Phoenix, John C. Reily e Jake Gyllenhall em The Sisters Brothers.

Os manos Joel e Ethan Coen também surpreendem, não tanto por penetrarem no mesmo ambiente de género, mas por levarem à competição para o leão de Ouro uma minisérie de seis episódios da Netflix, The Ballad of Buster Scruggs. Já o grego Yorgos Lanthimos prefere o ambiente do século XVIII para a trama real The Favourite, envolvendo Emma Stone e Rachel Weisz. E o britânico Mike Leigh o séxulo XIX onde evoca o massacre de Peterloo, em 1819.

Entre as propostas mais radicais, há a considerar as quase três horas de Nuestro Tiempo, em que o mexicano Carlos Reygadas e a sua mulher Natália Lopez, procurarão mostrar um “casal numa relação sexualmente aberta”, como explicou Alberto Barbera na conferência de apresentação do festival.

O húngaro László Némes regressa ao ativo com Sunset, sublinhando o percurso corajoso de uma jovem pouco antes de rebentar a Primeira Guerra Mundial. A curiosidade é todos eles cineastas terem trocado o festival da Croisette pela competição principal no Lido.

Há que ainda que considerar alguns regressos a casa. Como o de Brady Corbet, com Vox Lux, depois de aqui ter recebido o aplauso com a sua estreia na realização A Infância de um Líder. Ou do outro mexicano, Alfonso Cuarón, após o triunfo de Gravidade, agora com Roma, numa outra produção da Netflix, que esteve preselecionada para Cannes, compondo um retrato familiar a preto e branco. Julian Schnabel promete um Van Gogh com a presença de Willem Dafoe, em At Eternity’s Gate.

Mais autores. Paul Greengrass encena mais um filme sobre o massacre de Utoya, em que o norueguês Anders Behring Breivik assassinou dezenas de vítimas, e que parece ser um negativo do filme Erik Pope U-22.7, exibido este ano na Berlinale.

Luca Guadagnino promete muito no ambicioso remake de Suspiria, de Dario Argento, agora numa produção da Amazon Studios, contando com Tilda Swinton e Dakota Johnson nos papéis principais.

O alemão Florian Henckel von Donnersmarck oferece Opera senza Autore, durante o período nazi aos anos 70, e o novo filme do italiano Roberto Minervini, semore em território americano, aborda a paisagem do racismo americano, em What You Gonna Do When The World’s On Fire.

A competição completa-se com Capri.Revolution, do italiano Mario MartoneFrères Enemies, do bekga David OelhoffenAcusada, na estreia do argentino Gonzalo Tobal, e finalmente Killing, de Shinya Tsukamoto, o autor do mítico Tetsuo – Homem de Aço, naquele que será a única entrada do cinema oriental do festival.

No plano documental, há mais tesouros da Netflix, e uma nova cartada ganha pelo diretor Alberto Barbera, com a exibição do desejado documentário The Other Side of the Wind, sobre o tal filme inacabado de Orson Welles, escrito com a companheira Oka Kodar. E em complemento a exibição de They’ll Love Me When I’m Dead, um outro documentário sobre essa aventura de Welles, assinado por Morgan Neville.

O festival recnhecerá ainda as carreiras do realizador canadiano David Cronenberg e da atriz britânica Vanessa Redgrave com a atribuição de um Leão de Prata.

 

Filme de Abertura
“First Man,” Damian Chazelle (também em competição)

Competition
“The Mountain,” Rick Alverson
“Doubles Vies,” Olivier Assayas
“The Sisters Brothers,” Jacques Audiard
“The Ballad of Buster Scruggs,” Joel and Ethan Coen
“Vox Lux,” Brady Corbet
“Roma,” Alfonso Cuaron
“22 July,” Paul Greengrass
“Suspiria,” Luca Guadagnino
“Werk Ohne Autor,” Florian Henckel von Donnersmark
“The Nightingale,” Jennifer Kent
“The Favourite,” Yorgos Lanthimos
“Peterloo,” Mike Leigh
“Capri-Revolution,” Mario Martone
“What You Gonna Do When the World’s on Fire?” Roberto Minervini
“Sunset,” Laszlo Nemes
“Freres Ennemis,” David Oelhoffen
“Nuestro Tiempo,” Carlos Reygadas
“At Eternity’s Gate,” Julian Schnabel
“Acusada,” Gonzalo Tobal
“Killing,” Shinya Tsukamoto

Fora de competição
“Una Storia Senza Nome,” Roberto Ando
“Les Estivants,” Valeria Bruni Tedeschi
“A Star Is Born,” Bradley Cooper
“Mi Obra Maestra,” Gaston Duprat
“A Tramway in Jerusalem,” Amos Gitai
“Un Pueple et son Roi,” Pierre Schoeller
“La Quietud,” Pablo Trapero
“Shadow,” Zhang Yimou
“Dragged Across Concrete,” S. Craig Zahler

Fora de competição Documentários
“A Letter to a Friend in Gaza,” Amos Gitai
“Aquarela,” Victor Kossakovsky
“El Pepe, Una Vida Suprema,” Emir Kusturica
“Process,” Sergei Loznitsa
“Carmine Street Guitars,” Ron Mann
“Isis, Tomorrow, The Lost Souls of Mosul,” Francesca Mannocchi, Alessio Romenzi
“American Dharma,” Errol Morris
“Introduzione All’Oscuro,” Gaston Solnicki
“1938 Diversi,” Giorgio Treves
“Your Face,” Tsai Ming-Liang”
“Monrovia, Indiana,” Frederick Wiseman

Fora de competição
“The Other Side of the Wind,” Orson Welles
“They’ll Love Me When I’m Dead,” Morgan Neville
“L’Amica Geniale,” Saverio Costanza
“Il Diario Di Angela – Noi Due Cineasti,” Yervant Gianikian

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