Sexta-feira, Abril 19, 2024
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KVIFF: I Am Heath Ledger | Crítica

Uma biografia serena do ator de O Segredo Brokeback Mountain O Cavaleiro das Trevas, mas deixando no armário os seus próprios fantasmas.

Will you go on a mission with me?, pergunta para a câmara o adolescente Heath Leger, como que a adivinhar o turbilhão que acabaria por ser a sua vida. Ou nos diversos vídeos selfies, muitos antes de se transformarem em moda global, em que vemos o ator a girar sobre si próprio como se já tivesse embarcado nesse carrousel onde não haveria de sair.

Logo nos cinco minutos iniciais, estabece-se o perfil do conquistador que sairia de Perth para conquistar a fama em Hollywood. O mesmo que depois de lá estar, a quis recusar. É por aqui que segue este registo biográfico que conta com a participação do músico Ben Harper, dos colegas australianos atriz Naomi Watts e Ben Mendlesson, bem como o cineasta Ang Lee entre diversos amigos de infância de Heath, tal como a irmã, a mãe e o agente, em eficazes talking heads para compor este inevitável documentário biográfico sobre o malogrado australiano que desapareceu no início de 2008, aos 28 anos. Pena é que este trabalho não faça muito esforço em escapar à fórmula das biografias de vedetas, aparentemente o domínio em que se especializou a dupla Derik Murray e Adrian Buitenhuise.

Assim se percorre a carreira do ator de O Segredo de Brokeback Mountain e o Joker mais carismático, em O Cavaleiro das Trevas, bem como o galã em potência na comédia romântica 10 Coisas que Odeio em Ti, o ator promissor em O Patriota, Monster’s Ball ou o já consagrado em I’m Not There – Não Estou Aí,. Para além do marido de Michele Williams e o pai de Camilla. No entanto, continua a ser nos seus home movies que encontramos o seu lado mais genuíno comprovado nos diversos elogios formulados durante o documentário. Um aspecto bem mais terreno que tivemos ocasião de comprovar durante as impressões que trocamos com ele durante uma entrevista de promoção de I’m Note There, em Veneza, onde Heath elogiou as praias portuguesas para a prática do surf, celebrou o nascimento da sua filha e ainda o trabalho de composição de Joker.

É claro que depois de quase uma década interessam menos as derivações mais ou menos mediáticas, e mais ou menos especulativas, sobre o que teria motivado o desaparecimento prematuro de um ator interessado por tudo que saiu da Austrália para conquistar o mundo. Sobretudo quando se tem acesso ao apoio da família e ao inesgotável arquivo do próprio Heath. Depois da exploração mediática talvez seja mesmo mais adequada a abordagem desta personalidade insaciável e suavemente narcisista que importe conhecer melhor.

 

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