Sexta-feira, Março 29, 2024
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The Killing of a Sacred Deer: os Funny Games de Lanthimos

Gradualmente, o provocador grego Yorgos Lanthimos parece começar a ficar enredado no seu próprio jogo. Depois do ainda fresco Lobster, na sua última participação em Cannes, há dois anos atrás, Yorgos regressa para atravessar a avenida do horror, em que nos lembramos o ambiente opressivo de Shinning de Kubrick, mas também dos limites do desespero próximos até de Funny Games, de… Haneke. Ou a colocação de um casal a braços com uma dúvida semelhante à de A Escolha de Sofia, seja uma opção demasiado óbvia para se escolher. Adiante.

Apesar do antecipado ambiente intrigante e obsessivo, percebemos a chegada dessa catarse, depois seguida pela necessária (ainda que insólita) descarga. É esta a trama da suposta maldição lançada por um jovem demasiado dedicado (Barry Keoghan), quando a estranha amizade com o cirurgião cardiologista (Colin Farrel) falha por este não aceitar a responsabilidade da morte do pai do jovem na mesa de operação. Agora terá sua família de sofrer uma inexplicável maldição. Isso significa, claro, mais trabalho interpretativo para a sempre disponível Nicole Kidman, aqui com um dos quatro filmes que trouxe na mala de viagem. Até porque não faltam requintes de malvadez, como é óbvio.

Pode ter sido a proximidade de um filme com o outro a deixar alguma sugestão, mas a verdade é que essa infeção dificilmente passa despercebida. Fica assim uma espécie de mixbag que não deverá conceder-lhe a sua desejada Palma de Ouro no próximo sábado. Pelo menos, a receção na sessão de imprensa ficou dividida entre apupos e palmas. Ou talvez não, já que a sempre bem comportada imprensa americana já levantou a possibilidade de uma Palma de Ouro para o grego. Por aqui, ficamos um pouco aquém desse coro. Maybe next time, Yorgos.

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