Sexta-feira, Abril 26, 2024
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Moonlight: in the mood for love

Nomeado para 8 categorias, incluindo o Melhor Film, Moonlight, de Barry Jenkins, consegue afirmar-se para além daquilo que seria esperado para um all black movie. Depois de explorar as nuances de um one night stand nas ruas de San Francisco, em Medicine for Melancholy, numa cidade com apenas 7% de negros, Jenkins supera a fotografia baça pela força dos tons azulados de Moonlight estabilizando-se na história do jovem carente Chiron, interpretado por três atores diferentes e de acordo com a estrutura de fases ou etapas de vida, de acordo com a adaptação livre da peça de Tarell Alvin CcCraney In Moonlight Black Boys Look Blue. Ele que é acolhido por um dealer de crack com bom coração (Mahershala Ali, nomeado ao Óscar secundário), acabando mesmo por substituir a ausência da figura paternal, evoluindo para uma adolescência marcada por bullying e falta de autoconfiança, até que o destino o empurra para a afirmação com dealer, emulando o seu mentor. Pelo meio, Chiron lida com a deriva da mãe dependente (Naomi Harris, também nomeada), bem como do seu único amigo Kevin, o único com quem manteve um momento de intimidade.

Mais do que uma narrativa de temática gayMoonlight recolhe mais interesse no cerco de violência social e geração em redor do qual um jovem negro não consegue afirmar a sua identidade. Um retrato cuidado que Jenkins trata com humanidade deixando que os silêncios, a música e os ambientes cromáticos falem por si, um pouco como Wong Kar Wai, em In the Mood for Love. Sim, há aqui um lado autoral que se saúda.

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