Sexta-feira, Março 29, 2024
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Hotel Coolgardie: turismo laboral vai a Slamdance

Classificação: ***

Há um trilho de ficção no documentário Hotel Coolgardie, a primeira longa de Pete Gleeson, apresentada recentemente no festival Slamdance, que decorre em simultâneo com Sundance, em Park City, no Colorado, o tal certame mais dedicado a projetos de baixo orçamento e realizadores estreantes.

É que a paragem de duas babes finlandesas naquelas paragens, vindas de Bali e durante uma pausa para ganhar dinheiro durante uma viagem prolongada, conserva essa promessa de narrativa naquele lugarejo em que o bar local é uma espécie de derradeiro santuário dos mineiros que ali matam a sede e a solidão. Desde ao patrão aos habitués do costume. Quando este par de jovens responde a um anúncio de trabalho temporário e aterra nesse ermo, ficamos sempre à espera do que lhes poderá suceder diante de um balcão sedento de álcool e animação. É que qualquer rabo de saia mais parece saído do famoso Hooters.

Lina e Steph aceitam assim, com aquela naturalidade de quem já viajou muito, a proximidade com bêbedos babosos, hillbillies erotizados ou mesmo a prata da casa, como o velho cirrótico Cannman, o “homem das latas”,  que lodo adopta o duo e lhes oferece presentes diários e que será recordado no final do filme, ao ceder à cirrose pouco depois do fim da rodagem.

Gleeson acompanha assim essa estada em Coolgardie, avaliando todos os avanços da populaça e a forma mais ou menos natural como as babes lidam com a situação. Ainda assim, aguardamos o pior. Pelo meio, vamo-nos ligando a estas personagens de bar, recordando um pouco o ambiente Barfly – Amor Marginal, e a decadência do romance de Bukowski. Lá está, é a ficção à espreita.

Ainda assim, o duo sobrevive a esse tipo de turismo laboral de baixo nível. Tal como, a agência de emprego que logo se encarrega de as substituir quando se vêem forças a partir, antecipando um pouco a sua data. Ainda assim, Hotel Coolgardie nunca cede ao mau gosto, ou, pelo menos, à barata exploração sexual ou ao mau gosto.  Fica um documentário muito decente que conta uma história suficientemente palpitante, suficientemente bem filmada.

 

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