Terça-feira, Abril 23, 2024
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Alice in Wonderland: Fantasia em Real 3D

Mais de vinte adaptações depois, aí está a visão de Tim Burton sobre o alucinado ‘Alice no País das Maravilhas’ de Lewis Carroll. E em Real 3D! Quase 60 anos depois da animação da Disney de 1951. E em plena ressaca astronómica de ‘Avatar’. Vejamos, era difícil obter uma melhor conjugação de variáveis positivas. Ainda por cima com a máquina da Disney a fazer o marketing. Contudo, ao longo da projeção, vamos percebendo que há mais Disney onde devia haver Tim Burton. E uma certa lógica de videojogo (sim, o jogo aí está para a Wii e PC) destinada a agradar o público mais jovem. O que certamente levará muita gente ao cinema. Contudo, não parece ser um marco cinematográfico, nem um dos melhores filme de Burton.

Chega de bater no filme! Não será até fácil de mais menosprezar o que está feito? E não estariam as expectativas altas demais? Certamente. ‘Alice’ não deixará de ser uma viagem agradável e até com alguns momentos de grande cinema. Contudo, infelizmente, escapa-lhe de qualquer pretensão de obra-prima.

Em Londres, Burton admitiu à imprensa presente a sua proximidade à versão da Walt Disney Studios. E que ficou bem notada pelas fantásticas animações dos coelhos, restantes animais e personagens em convincentes imagens de CGI. Até porque antes da muito convincente australiana, Mia Wasikowska, cair no buraco que a leva a Underworld, nada, ou quase, se passa. Muito menos o efeito 3D. Uma trivial história de casamento arranjado da adolescente voluntariosa Alice com um jovem de boas famílias.

Depois, bom depois é quase como entrar no mundo de Pandora de ‘Avatar’. Quase, pois Burton não vai tão longe como Cameron e limita o filme em tempo, o que acaba também por complicar mais essa viagem. Contudo, pelo caminho, vibramos com grande parte das personagens, ainda que dificilmente consigam criar uma unidade entre si. Mas vistas isoladamente são brilhantes. Anne Hathaway na vaporosa Rainha Branca, a contrastar com a estridente e cabeçuda Rainha Vermelha, numa Helena Bonham Carter a tocar algumas das notas mais altas do filme (“Cortem-lhe a cabeça!”), mas também o velado e insinuante Crispin Glover. Menção especial para o patusco cão Bayard e o Gato Cheshire, com as vozes sublimes de Timothy Spall e Stephen Fry. E, claro, Johnny Depp, como o Chapeleiro Louco. Só que, a fazer de Johnny Depp e sem nunca perder uma aura agradável. Resta-lhe contudo o sotaque escocês.

Dá ideia que o guião de Linda Woolverton circulou cuidadosamente pelos dois romances ‘Alice’s Adventures in Wonderland’ e ‘Through the Looking Glass’ sem pisar, nem chocar ninguém.  Por isso gostamos, mas não deliramos. O que ‘Avatar’ conseguiu, apesar da história banalíssima, foi submergir-nos num mundo imaginário e levar-nos com essas personagens. Em ‘Alice’ recebemos o convite, mas torna-se difícil dar o salto para o outro lado do espelho…

 

Classificação: ***

 

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