Sexta-feira, Março 29, 2024
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Klimt & Schiele – Eros e Psique: Viena avant-garde

A Festa do Cinema Italiano continua a desenvolver uma muito louvável política de divulgação de documentários sobre grandes nomes das artes plásticas. A segunda série da coleção A Grande Arte no Cinema, inicia com o documentário Klimt & Schiele – Eros e Psique, da 3D Produzioni e Nexo Digital dirigido por Michelle Mally (escrito por Arianna Marelli) e dramatizado pelo italiano Lorenzo Richelmy (conhecido pela série Marco Polo da Netflix).

Por aqui se revela o legado efémero da movida de Viena no início do século XX. Em particular, o cruzamento (e complementaridade) da arte profundamente sensual de Gustav Klimt e Egon Schiele, num retrato mais completo do apogeu modernista e criativo vivido na capital do império austro-húngaro.

Depois de se ter convertido na capital das artes em 1900, Viena acabaria por sucumbir no final do ano trágico de 1918. E com ela o fim do Império dos Habsburgos. A outrora galante e efervescente capital animada pela dramaturgia de Arthur Schnitzler, a psicanálise de Sigmund Freud, a filosofia de Wittgenstein, ou pela música de Strauss, Mahler ou Schoenberg, sofrerá também com a perda inestimável de Gustaf Klimt e Egon Schiele, cuja morte será apenas separada por alguns meses.

Ao longo de pouco mais de 90 minutos somos servidos por um sumptuoso documento pleno da riqueza artística daquele início de século, algures preso entre o sublime da arte e a tragédia da guerra e a morte. Ainda assim, um retrato de uma época que quebrou tabus e atingiu um espírito cultural verdadeiramente único, superando e reversão da relação erótica entre os sexos, em grande parte devido à contribuição deste dois enormes talentos, abrindo a janela para uma afirmação feminina impensável na altura.

Klimt busca a influência na arte egípcia e japonesa para criar os seus quadros plenos de sensualidade e desejo, mas também desespero, ao passo que Schiele se influenciará neste para capturar um lado mais mórbido e sensual dos corpos retorcidos, por vezes maltratados, expondo a nudez de uma forma livre que a libertava da passividade com que era encarada superando assim um cliché do olhar masculino. Um caso ímpar será a visão sacrílega de Schiele ao célebre O Beijo (1908) de Klimt com o provocador Cardeal e Freira (Carícia), em 1912.

Talvez a ligação entre os dois possa ser sintetizada através da obra de Freud A interpretação dos Sonhos, aqui sublimada pelas leituras e comentários da atriz Lily Cole, bem como pelos depoimentos de diversos historiadores de arte, o Nobel de medicina e neurociência Eric Kandel, o musicólogo Bryan Gilliam ou o pianista Rudolf Buchbinder a coroar um impulso artístico talvez demasiado adiantado para a época. Mas chegados ao fim Eros e Psique percebemos como, afinal de contas, tudo está relacionado. No final de 1918 a capital da arte sucumbia à rendição. E assim caia também o pano da arte.

 

Klimt & Schiele – Eros e Psique pode ser visto a partir de 3 de dezembro, em Lisboa (UCI El Corte Inglés), Vila Nova de Gaia (UCI Arrábida), Cascais (O Cinema da Villa) e Penafiel (Cinemax Penafiel).

 

A 2ª temporada d’A Grande Arte no Cinema continua! 
(informação cedida pela Festa do Cinema Italiano)

O Museu do Prado
A partir de 7 de janeiro de 2020

A primeira viagem cinematográfica através das salas, histórias e emoções de um dos museus mais visitados no mundo. O ator Jeremy Irons guiará os espectadores numa descoberta duma herança de beleza e arte.

Gauguin no Taiti – O Paraíso Perdido
A partir de 4 de fevereiro de 2020

Desde Taiti e as ilhas Marquesas — nos panoramas em que Gauguin, marcado pela rebeldia, as viu e repre- sentou — até aos museus americanos onde as suas maiores obras-primas estão agora preservadas.

Wunderkammer – Os Quartos das Maravilhas
A partir de 18 de fevereiro de 2020

O Wunderkammer — também conhecido como os quartos das maravilhas ou cabinet de curiosités em francês — surgiu entre soberanos e colecionadores da elite no século XVI.

Monet – Magia de Luz e Água
A partir de 10 de março de 2020

Uma excursão através dos museus onde as obras-primas de Monet, génio do Impressionismo, estão expostas: o Museu Orangerie, o Museu Marmottan, o Museu Orsay , acabando na casa de Monet e nos jardins em Giverny.

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