Terça-feira, Abril 23, 2024
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IndieMusic: João Peste e João Ribas evocam a utopia do pop e punk nacionais

Acima de tudo, os documentários Ama Romanta – Uma Utopia que Fazia Discos, de Vasco Bação, e Um Punk Chamado Ribas, de Paulo Miguel Antunes, exibidos na secção IndieMusic do IndieLisboa, podem ser vistos como um ‘momento no tempo’ permitindo-nos reviver um período em que se começavam a dar passos decisivos no meio musical alternativo português nos efeverescentes anos 80. Nesse sentido, dois movimentos musicais que acabam por se cruzar e necessariamente dialogar, sendo de resto ambos muito devedores ao impacto que tiveram os dois Joãos no nosso meio musical – o João Peste, ‘inventor’ da editora Ama Romanta, e o João Ribas, de certa forma o ‘inventor’ do Punk tardio nacional. Só isso já é suficiente para justificar o interesse por este par importante de documentários, em particular o autor destas linhas pois viveu esse período com intensidade.

É claro que em ambos os casos, vive-se bastante das ‘talking heads’ que permitem recriar estes tempos em que vieram dar uma pedrada no charco onde não se passava nada. Isto depois da primeira fase dos concertos de rock, sobretudo em Cascais, e de se gerar uma ainda não imensa minoria, mas que já fazia da maior sala de espetáculos em Lisboa, o Rock Rendez Vous, uma espécie de santuário para a música independente. Assim vamos recuperando a memória, ou descobrindo este período singular da movida lisboeta, pelos relatos de Luis Sampayo, dos Croix Sante e Pop Dell’Arte, Nuno Rebelo, dos Mler Ife Dada, ex-Street Kids, Adolfo Luxúria Canibal, de Mão Morta, entre outros, bem como o cineasta Manuel Mozos , o radialista António Sérgio, ou ainda por João Pedro Almendra, que formou os Ku de Judas com João Ribas. É claro que por detrás de Um Punk Chamado Ribas está também o tributo a Ribas, depois da sua morte em 2014.

Adolfo Luxúria Canibal, Mão Morta

A historia da Ama Romata começa a ser contada quando João Peste lhe dá vida, em 1986, concretizando a atitude irreverente de divulgar novas bandas, algo que faz com o álbum coletivo Divergências, dando assim voz em disco a bandas de uma nova alternativa como Pop Dell’Arte, fundado por Peste, Mler If Dada ou Croix Sainte, bem como ao movimento punk nacional, com os Ku de Judas. Tal como a vibração de João Ribas faz faísca após o encontro com João Pedro Almendra, algures em Alvalade. O sinal de que estava a acabar-se o sossego pachorrento da música de vanguarda em Portugal. É sobretudo por isso, por marcar esse tal momento que valem muito este par de documentos.

 

 

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