Terça-feira, Março 19, 2024
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Mandy. Nicolas Cage passado dos carretos em registo de terror retro muito rock and roll

Like a bat out of hell I’ll be gone when the morning comes. Sim, recordamos Meat Loaf e o disco mítico de 1977 para introduzir o estilo de Mandy, um verdadeiro cometa vindo do inferno que se despenhou em janeiro passado em Sundance, provocando sucessivas reverberações em diversos festivais e um crescente fenómeno de culto do género do horror retro. Desde logo um filme a apelar à franja do slasher em estilo gótico, sublinhado pela banda sonora demoníaca produzida pelo saudoso Johan Johannsson.

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Pan Cosmatos mostra que navega bem no registo retro. Desde logo, pelo exemplo do filme de estreia Beyond the Black Rainbow, em ambiente muito 80’s, e confirmado aqui ao empurrar Nicolas Cage para uma das suas maiores prestações neste maldito papel de vingança que lhe dará também aquele veículo que precisava para regressar das chamas como uma verdadeira fénix! Neste caso, não na motocicleta de Ghost Rider porque supera largamente esse registo.

Mandy ganha sobretudo pela sua fortíssima carga de veneração dos grandes clássicos do género, de The Texas Chainsaw Massacre a até mesmo ao estilo musical Rocky Horror Picture Show. Se calhar, este flipado Mandy, com a sua pequena horda de motoqueiros a destilar um ácido demasiado concentrado em rituais do além onde o lenhador Red Miller (Cage) acaba por perder a sua ‘Mandy’, com uma Andrea Riseborough versão heavy metal, num ritual macabro onde Jeremiah, o líder dessa suposta seita religiosa, interpretado por Linus Roach, acabará mesmo por proferir a mais surpreendente sentença “gostas dos The Carpenters?” Assim principia esse desfecho macabro que irá investir Cage numa inimaginável torrente de energia vingativa que ocupará perto de metade do filme.

Percebe-se que Pan Cosmatos digeriu bem a herança deixada pelo pai cinéfilo George P., que trabalhou com Preminger mas também recebeu o Razzie pelo seu trabalho em Rambo: First Blood Part II, e só bem mais tarde, em 1993, receberia o devido reconhecimento no western Tombstone sobre a história de Wyatt Earp, o tal homem que matou Liberty Vallance, e dos seus irmãos.

É claro que Mandy aponta para um público nicho, aderente a este registo algures entre o pesadelo e a realidade. Ou seja, trata-se mais de um filme calhado a sessões de meia noite em grupos dispostos a celebrar a hiper-violência brindada até com um acrobático combate de motosserras e decapitações.

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