Quinta-feira, Abril 25, 2024
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Rio Azul: Pode a Moda Salvar o Planeta? É este o dark side da fast fashion

River Blue: Can Fashion Save the Planet?

De David McIlvride e Roger Williams

Qual a pegada ecológica de produção de um par de calças de ganga? É claro que não pesamos isso quando vamos à GAP, H&M, Banana Republic, Zara ou outros colossos da fast fashion. O valioso e revelador documentário da dupla David McIlvride e Roger Williams Rio Azul: Pode a Moda Salvar o Planeta? começa por colocar o dedo na ferida e mostrar como a indústria do bem-vestir é também uma das mais poluentes. Isto desde que os EUA, depois de secarem o Rio Grande, e decidiram com o acordo NAFTA, assinado por Bill Clinton, deslocalizar a sua industria de jeans para os países com mão de obra bem mais em conta, leia-se Índia, China, Indonésia, Bangladesh, onde passaram a existir par conséquence também os rios mais poluídos do mundo.

O ativista internacional pela conservação da água dos rios, Mark Angelo, leva-nos numa volta ao mundo que é também uma viagem a esses cursos de água, onde outrora se banhavam as gentes e se orava, para agora serem rios coloridos repletos de matéria orgânica e química, mas sem qualquer possibilidade de vida.

E sim, por detrás das fachadas das fábricas de costumes em marca, manufaturam-se as diversas aplicações que permitem o efeito das tradicionais calças de ganga usadas ou com vincos, ou seja, a aplicação de ácidos, permanganato de potássio e outros químicos depois inevitavelmente conduzidos ao rio, normalmente sem qualquer tipo de tratamento. Daí a piada, na China, de saber-se com antecipação qual será a cor a ditar a tendência da moda pela cor que domina as águas do rio. Por exemplo, no Ganjes as pessoas continuam a banhar-se dentro do ritual religioso de purificação, mesmo que cientes de que há muito o rio não oferece as mínimas condições.

O título do filme ganha forma quando se foca mais no tema dos blue jeans, usados de uma forma global, e percebemos os milhares de litros de água potável e os químicos utilizados para produzir apenas um par que sentimos o baque. E um processo de idêntico impacto para a produção de um par de ténis da marca Adidas ou Nike.

No entanto, apesar de apresentar o problema, chamando as coisas pelos nomes (ou as marcas), Blue River não termina sem uma mensagem esperançada, dada pelos fabricantes que se tornaram mais ecológicos e que optaram por técnicas em que reduzem drasticamente a sua pegada ambiental. Se será este o futuro da fast fashion é difícil de dizer, mas para já este filme faz muito mais pela pelo nosso abrir de olhos que nos permite encarar de uma forma bem mais realista o que vemos nas montras. Afinal de contas é isso que é importante.

 

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