Quarta-feira, Abril 24, 2024
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Guardiões da Galáxia Vol 2: mais do mesmo em exagero de quantidade

O que chamou à atenção no primeiro filme e o destacou dos restantes filmes de super-heróis foi não só o seu sentido de humor como a capacidade de não se levar muito a sério. O problema deste segundo Volume é que existe uma distância entre essa tal ideia de não se levar a sério e o tornar-se vítima de si próprio, em grande parte por este novo projeto de James Gunn, que volta a assinar e realizar, entrar numa espiral de repetições que acaba por retirar parte do carisma às personagens principais. Desde as cenas com esta nova versão infantil de Groot (Vin Diesel manter a contribuição de voz) para demonstrar o quão adorável pode ser, às diversas e constantes cenas em que Drax (Dave Bautista) exagera no que diz devido à sua falta de senso comum, ou ainda nas cenas do incorrigível e sarcástico Rocket (voz de Bradley Cooper).

Por outro lado, somos compensados ao conhecermos o background de algumas personagens, o que nos leva a entender porque agem da forma que vemos. É aqui também que o filme tem uma vantagem sobre o primeiro. A criação de um laço entre a personagem de Yondu (Michael Rooker) e Rocket, devido às semelhanças na sua juventude, bem como a história da Nebula (Karen Gillan) e do porquê de tanta raiva acumulada contra a sua irmã Gamora (Zoe Saldana). Ainda assim, as cenas entre ambas são um dos must see deste filme, assim como as cenas entre o Quill (Chris Pratt) e o seu pai, Ego (Kurt Russel, que se mostra também numa convincente versão anos 80).

Ainda assim, o visual glorioso de James Gunn, a cumprir uma receita de cinema insuflado de efeitos especiais, acaba por tornar-se desastroso em certos momentos. É o que sucede quando temos dezenas de naves condensadas no mesmo espaço por breves momentos é difícil acompanhar a sua sucessão. Por outro lado, há momentos em que somos assolados com a visualização de uma beleza extraterrestre que nos deixa perplexos como acontece quando vemos pela primeira vez o planeta Ego. O que não evita que a ação do filme se releve, no mínimo, confusa, já que há alturas em que se sucedem diversos acontecimentos em simultêneo, com perdas inevitáveis numa linha de pensamento coerente.

Neste Volume 2 damos ainda as boas vindas a uma nova raça liderada por Aeysha (Elizabeth Debicki) que dá uma ótima introdução ao filme, mas que depois aparece constantemente, apenas com a necessidade de afirmar novos rivais. O mesmo sucede como a tripulação do Yondu que se rebela contra ele. Em todo o caso, o principal inimigo neste filme e cerne do mesmo é Ego cujo objetivo é mais assustador do que o típico dominar o universo. Uma das adições que melhoram o filme é Mantis (Pom Clementieff), cujos poderes e ingenuidade inerente a si mesma lhe dão uma personalidade cativante e emocional, em particular algumas das suas cenas com Drax.

Como se esperava, a banda sonora retro continua a ser um dos pontos altos da saga Guardiões da Galáxia, se bem que não seja a única homenagem aos anos 70-80. Há referências à série Cheers, bem como ao jogo vintage Pacman e, claro, ao clássico gadget walkman. Sorrimos ainda com a cameo clássica de Stan Lee, bem como a presença breve de Sylvester Stallone ainda que apenas em dois breves momentos. Há também menção de Thanos em conversas entre a Gamora e Nebula, possivelmente a prepararmos-mos para uma presença em Avengers: Infinity War, o épico de duas partes previsto para 2018.

Posto isto, valerá a pena dizer que Guardiões da Galáxia Vol 2 cumpre os principais requisitos das sequelas, oferecendo mais do mesmo, ainda que aqui em algum exagero de quantidade. Por isso mesmo, quem vibrou com o original Guardiões da Galáxia, irá certamente gostar do segundo, embora quem não tenha sido fã do primeiro, provavelmente não será agora que passará a ser.

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